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Hospital Regional de Luziânia |
Recentemente, ao entrar em um hospital público, verifiquei em pelo menos dois lugares distintos e bem visíveis, informativos com dizeres muito conhecidos por nós cidadãos. Com base no artigo 331 do código penal, o papel colado na parede e por vezes em balcões de atendimento de repartições públicas e órgãos diversos dos poderes federais, estaduais e municipais, serve como um alerta a todos que buscam serviços em algum desses locais. Em um estudo, onde minha preocupação primeira era identificar a importância da humanização no atendimento de órgãos públicos, isso ainda no ano de 2007 (Estado, é possível humanizar suas ações. Artigo do autor), percebi a distância que havia entre a população e os serviços dos quais ela precisava. Uma indignação crescente e quase que irremediável era o sentimento dominante nas pessoas que ocupavam a "linha de frente" do atendimento ao público. E então, como uma forma de proteção, os informativos foram se tornando parte decorativa, e em muitos casos, a saudação de boas vindas daqueles locais que se destinavam a solucionar os mais variados problemas dos contribuintes.
Nenhum cidadão, ao menos que eu tenha conhecimento, se propõe a sair de casa em direção a uma enorme fila, para simplesmente estragar o dia de quem irá atendê-lo. É fato que o atendimento em órgãos públicos está muito distante de um atendimento minimamente digno. Não posso deixar de citar aqui a pessoa do servidor, que em muitos casos até se propõe a prestar um bom serviço, contudo, o estado não lhe oferece condições para tanto. O que se percebe é justamente o descaso da máquina pública com aqueles a quem ela deve servir. Durante este período de campanha eleitoral, notamos a facilidade com que as coisas acontecem em nosso município. E tenho certeza que nos demais municípios do país a coisa não deve ser muito diferente. Então, decidi tentar entender o que nos diminui tanto em quanto cidadãos, ao ponto de termos que temer um simples comunicado fixado em local visível, alertando-nos para o risco de sermos detidos ou multados, caso desacatemos aquele servidor e o órgão que representa, diante do descaso que demonstram por nossas necessidades.
Depois de alguns atendimentos, onde um passante iria entender que eu estava de alguma forma ofendendo quem me atendia, tendo em vista a rispidez como fora tratado, comecei a alimentar um certo receio de me consultar, ou até mesmo passar por perto do Hospital Regional de Luziânia. Me inclino a acreditar que por ocasião desses atendimentos, as servidoras, e em todas as vezes fui atendido por mulheres, não estavam nos seus melhores dias, e algumas vezes dado o avançado da hora, ainda penso que não fora uma boa idéia me levantar altas horas da madrugada, para ir simplesmente incomodar o bom descanso daqueles que infelizmente teriam de me atender. Tenho que admitir que o momento não era o ideal para se adoecer. Um leitor de nosso blog fez um relato que muito se assemelha à vivência de muitos cidadãos de nossa cidade, e no caso dele, que optou por procurar um hospital particular, é de se espantar que o atendimento tenha sido tão desumano. O leitor nos relata que sua esposa ficou mais de 30 minutos esperando por alguém que pudesse tirar o soro e o acesso, sem que os diversos funcionários do hospital lhe dessem a devida atenção, contudo, ao sugerir que intencionava pagar a conta dos serviços prestados pelo hospital, de pronto apareceu-lhe alguém apto a resolver suas necessidades.
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Cidade de Luziânia - GO |
Quando em 2007 escrevi o artigo "Estado, é possível humanizar suas ações", o fiz como justificativa de um projeto desenvolvido com esse fim, de dar ao estado em suas repartições, a opção de tornar seus colaboradores mais humanizados quando do atendimento ao público. Isso tendo em vista, que a importância de um bom e eficiente atendimento, sempre daria tanto ao contribuinte como ao servidor, a noção exata da relevância de cada um na construção da cidadania e de um estado mais forte e compacto. Na cidade de Luziânia, onde resido, tive minhas experiências negativas, porém, conheci alguns servidores no desempenho de seus papéis que demonstraram uma legítima preocupação com os que buscavam seu auxílio. O triste de toda essa história, é que durante o período eleitoral, tudo irá convergir para boas ações e favores que nada têm a ver com a saúde moral de nossa cidade. A demanda do momento é a busca por um lugar ao sol, a corrida intensa por conseguir cada qual mordiscar o máximo que puder dos cofres abertos das campanhas eleitorais. E nisso, vamos esquecendo do essencial, vamos deixando ser encoberto o fato do descaso que os nossos representantes desprenderam a nós nos últimos 4 anos. Agora, somos nós que mesmo algemados, desacatamos nossa cidadania, e assim corroboramos com as ações que sempre nos diminuíram.
Devemos no entanto considerar, e para isso é importante o entendimento do leitor, que respeitamos a figura do funcionário público, e ainda respeitamos a legitimidade dos direitos rezados no artigo 331 do código penal. O que nos deixa indignados, é que diante do péssimo atendimento oferecido nos mais diversos órgãos, esses informativos soam como uma grande afronta aos nossos direitos de cidadãos, posto que nada reza, em cartazes ou informativos visíveis, sobre o desacato ao cidadão ao tentar exercer ele também alguns de seus direitos. Essa questão tem seus lados distintos e em ambos cabe razão. Justo que não se pode generalizar a ação dos servidores públicos, nem de longe macular suas atribuições por conta de uns poucos que não se importam com o bom desempenho de sua função. O que se espera então, é que o poder público um dia acorde para essa situação, e se preocupe na constante formação do servidor cidadão. É possível tornar os serviços públicos em ferramentas de fortalecimento democrático, assim como é possível dar condição desses mesmos serviços, conquistarem a confiança da comunidade e voltarem a ser parte importante na construção da dignidade cidadã.
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Caro funcionário público, por favor não me entenda mal. O meu texto se direciona a todos que não têm consciência cidadã no exercício de sua função. Eu sei, e é fato, que vários servidores são muito eficientes e respeitosos nas posições que atuam e nos serviços que prestam. A estes meu muito obrigado e meu profundo respeito.
ResponderExcluirO candidato a Vice Prefeito de Luziânia, o Sr. Didi Viana, respondeu em nossa página do Facebook o convite que fizemos para que opinasse sobre o tema do artigo. Grato por seu pronto atendimento, segue abaixo a contribuição do mesmo:
ResponderExcluir"Meu caro Marcus, fiquei muito impressionado com seu artigo. Acontece que a situação dos serviços e servidores públicos chegou a uma situação intolerável, mesmo q isso seja um problema estrutural, em Lza e Goiás isso se configura de forma mas evidente, por se tratar de territórios dominados por tucanos, que ao longo destes anos desmontaram os serviços públicos c suas teses conservadoras de "estado mínimo", consequência: serviços públicos sucateados, foi-se junto a motivação dos servidores públicos. O estado aqui em Goiás só se maximiza, quando é pra dá sustentação aos cachoeiras da vida, já no nível municipal, principalmnte nesta área da saúide foi tudo "combonado c os zagueiros", o grupo político do prfeito tucano domina a medicina privada em nossa cidade, por isso o fortalecimento da saúde do lucro. Vamos ter com certeza pela frente, um grande desafio ao chegarmos na prefeitura a partir do ano que vem, se opovo assim quiser, será uma luta intensa na recuperação da rede, e o principal desafio será recuperar a auto estima dos nossos servidores, com uma política de resgate dessas carreiras e abertura de concursos públicos. To convencido de que o nosso próximo prefeito Cristóvão vai sim topar este desafio! abs! dv."
Obrigado sr. candidato, sua contribuição muito nos alegra.