terça-feira, 3 de julho de 2012

Luziânia em: Política de bar...

Nesse último domingo, tomando uma cerveja e conversando com alguns amigos do bairro, inevitavelmente nos deparamos com o assunto recente da política em nossa cidade. A saber, residimos na cidade de Luziânia - GO, num bairro que não por acaso tem o nome de Parque Santa Fé o qual aprendi a amar. Em nossa conversa, já acalorada pelas divergências naturais, porém sempre com a preocupação de se manter o mínimo de respeito aceitável, um breve comentário de um distinto amigo muito me chamou a atenção. Não simplesmente pelo teor ipsis litteris do que disse, mas também pela carga de tristeza e decepção que sua declaração demonstrou... "eu tenho nojo de política!" disse o citado amigo. Lembro-me ainda que ao refutar  sua declaração, em nada diminuí a carga negativa que a política gerou no coração deste cidadão. 
Não é novidade para ninguém o fato de os políticos de nosso país, bem como os de nossa região tratarem a política com tamanha irresponsabilidade. E isso caros amigos, com certeza explica o asco que muitos concidadãos têm quando o assunto é política. A irrefreada busca pelo poder, e as ações cada dia mais absurdas daqueles que deveriam nos representar, estão aos poucos nos fazendo esquecer da essência do que somos. Muito embora eu discorde da decisão que muitos cidadãos tomam de se excluir de tudo que se liga à política, sou levado a aceitar que suas posições estão respaldadas por muito cansaço e também por um histórico de decepções que não se pode mensurar. Contudo, quero refletir rapidamente sobre o nosso papel no cenário político de nossa cidade, sobre a nossa condição diante da construção de um mundo mais justo, e por fim, do papel social que é inerente ao cidadão consciente de seus deveres e direitos. Para isso não vamos muito longe, apenas é preciso lembrar com um pouco mais de ordenamento o que foi dito naquela "mesa de bar" no último domingo. 
Viver é por si só um ato político. Não vejo como podemos nos desligar da política, ou ao menos separar de nossas vidas essa ciência que é absolutamente necessária à existência humana. Reconhecer nossa condição dentro da política é um passo importante a ser dado por todo cidadão. Muito embora estejamos tristes com a realidade política de nosso país, estado e município, nos excluir desse contexto não vai resolver a equação nem tão pouco melhorar o quadro terrível que se vislumbra. A pergunta que constantemente se faz, sobre a confiança que depositamos naqueles que nos representam atualmente, desencoraja o mais otimista dos politicamente resolvidos, contudo, a resposta a essa pergunta não é nem de perto a justificativa ideal e esperada, para servir de sustentação ao posicionamento daqueles que nada querem saber sobre a política. A confiança depositada ou não nos representantes de nossa comunidade, bem como naqueles que ainda teremos de escolher, tendo em vista a máxima popular que diz "político é tudo igual", não é o principal ponto que se deve entender. O nosso papel no escopo geral da ação cidadã é muito mais importante e abrangente, e ele não se detém naquilo que importa para um ou outro, mas sim no que é relevante para uma comunidade como um todo.
O caminho para esse entendimento é uma estrada de mão única. É uma decisão que todo cidadão deve tomar. A representação daquilo que somos e pretendemos, quando pensamos como uma comunidade, deve servir sempre aos interesses coletivos. Se as pessoas que estão no poder ainda não entendem o seu papel de representantes, cabe a nós cidadãos mostrarmos nossa força e nos posicionarmos de maneira mais firme na busca por nossos direitos. Eu compartilho da tristeza demonstrada pelo amigo já citado quando de seu comentário, e sou inclinado a me solidarizar com seu desencanto quanto à política, porém caro amigo, acredite que ainda podemos fazer muita coisa. Os primeiros passos têm sido dados na direção de uma melhor conscientização do cidadão político, na formação de mentes mais críticas e afinadas com o pensamento para a coletividade. Em tempos como os de hoje, quando percebemos em nosso município que a participação popular se resume à venda indiscriminada de votos, ou à barganha da confiança do povo por uns poucos trocados, ainda temos que nos diferenciar, nos colocar em condição de cidadãos éticos e de firme propósito. É então por isso, que não posso ver com bons olhos a decisão de se excluir do que é político, pois o nosso papel de fato é transformarmos o meio político. Em Luziânia, a indecisão e a inversão de valores têm sido constantes na formação da imagem política de nossos representantes, mas não podemos dizer que essa situação é generalizada, e digo isso por puro decoro, contudo se entendermos que nosso papel é muito mais importante do que se apregoa nas esquinas, de fato poderemos escrever nossa história de uma forma diferente e mais eficaz.


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