terça-feira, 1 de junho de 2021

POLÍTICA DO CONVENCIMENTO - EXTREMOS QUE DESCONSTROEM ... (Parte 1)

O assunto é política, mais precisamente a polarização doentia que tem tomado de conta dos discursos em todo o Brasil, um comportamento temeroso e infelizmente recorrente e que tem tomado força bilateralmente para prejuízo da democracia. Adianto que para formular meu pensamento faço um passeio também sobre o comportamento do homem com relação às muitas e diferentes religiões do mundo, campeando os entendimentos sobre o convencer e o converter para explicar o cancro comportamental-ideoemocional que tem afligido nossa nação.

Os pensamentos políticos no Brasil são os mais diversos possíveis, e seguem uma tendência secular de delimitação do ideal político, uma forma de dar nome ao estilo de pensamento no sentido de fortalecer essa ou aquela corrente de ideias. As denominações esquerda e direita não traduzem limitações específicas do pensamento político, elas tentam cercar modelos e posturas de certos indivíduos mais não conseguem abarcar o todo da formação e do ideário político deste mesmo ser. É possível, por exemplo, uma pessoa ter uma orientação política de direita em alguns temas e em outros ter sua visão mais próxima das demandas conceituais de esquerda. Um conservador pode muito bem, sem abrir mão de seu ideal de defesa das instituições, ser adepto de programas sociais que contemplem minorias de maneira justa e visando uma construção positiva de políticas mais coletivas e duradouras, assim como um democrata pode aceitar, sem lançar fora sua convicção, o entendimento da importância de manutenção das instituições pilares de uma sociedade para um progresso mais consolidado e forte. 

A formação religiosa de uma pessoa passa por inúmeras circunstâncias que não são necessariamente religiosas, mas que interferem na formação dos indivíduos. A história de vida de uma pessoa religiosa explica muito bem as suas convicções religiosas e mostra que ela é o resultado de um apanhado de acontecimentos que convergiram naquele modelo de pensamento, e que ao se adequar ela deu demonstrações de conformidade com aquele estilo de construção religiosa. 

Cada pessoa desenvolve ao longo de seu crescimento uma personalidade, e esta conta com interferências de outras pessoas que, em sua maioria mas não todas, estão imbuídas na missão de educar, trabalhar modelos de elaboração do caráter do indivíduo a partir de suas próprias experiências, tentando formar novos seres pensantes que trabalhem dentro de seus mesmos modelos para a construção de um ambiente salutar ao coletivo do qual eles fazem parte. No tocante ao convívio social é saudável pensar que a pluralidade é uma realidade, tendo em vista que as circunstâncias de construção de vida de um indivíduo podem diferir bastante das circunstâncias de construção de vida de outro que não teve os mesmos modelos durante a formação de sua personalidade, de seu pensamento crítico, de suas percepções de certo e errado, de belo e feio, de sagrado e profano e por aí em diante. Nesse tempo de formação, não deveria mas acontece muito, a pluralidade é vendida muito como conceito e pouco como cultura, o que explica o fato de muitas pessoas entenderem-se como pluralistas mas se comportarem como sectaristas, e o pior de tudo, pautando seu sectarismo como o verdadeiro pluralismo e entendendo o plural e diverso como variante mentirosa e enganosa daqueles que não compactuam com seu modo de enxergar o mundo e a vida.

A religião é em síntese a ligação entre o homem e uma entidade sobre-humana, uma divindade poderosa que atua desde a criação do homem, e que cuja criação deve para consigo, em forma de reconhecimento e gratidão, seja pelos feitos mais primitivos e originários ou por benesses vindouras, adoração e culto durante toda sua existência na condição de humano, para então poder fazer jus ao regalo do que essa divindade pode lhe oferecer na vida após morte. Essa relação entre homem e deuses é uma necessidade primitiva da vida humana, posto que não temos de fato uma explicação tácita e definitiva para questões como a origem da vida, ou mesmo de seu sentido maior. É fácil, mesmo para um cristão como eu, entender que as religiões são muitas e cada qual obedece às construções culturais dos espaços aonde elas estão inseridas, e os deuses, mesmo que com histórias um tanto diferentes em alguns aspectos, muito parecidas em outros, terminam por serem também elaborações que partem do imaginário oral e ou literário dos religiosos incumbidos de proliferar suas crenças pelo espaço de terra mais longínquo possível. Sim, estes deuses, acreditamos nós os submissos a qualquer um deles, nos proporcionam experiências metafísicas que justificam a nossa adoração, a nossa devoção, louvor e respeito no campo do sagrado, e assim nos impelem a querer que outras pessoas a quem queremos bem tenham o mesmo nível de experiência que temos dentro de nossas religiões, e nesse momento esquecemos um pouco dos aspectos de formação do indivíduo que explica o porquê de outras pessoas dedicarem suas existências a deuses diferentes do nosso. Uma das aspirações religiosas é a difusão da fé para a redenção do maior número de humanos que se puder alcançar, e para isso se faz necessário um trabalho de conversão e posterior educação dos neófitos dentro da doutrina religiosa. A conversão é em sua essência uma mudança completa de posicionamento, tomada de sentido oposto, transformação completa de todo um ideário, é uma troca consciente e voluntária de perspectivas e do próprio direcionamento de ideias. 

Na religião como na política o processo de conquista de novos adeptos se dá pelo mesmo meio, e não há como ser diferente, o que explica um tanto dos males que tem atingido nossa sociedade no campo das ideias políticas, uma avalanche de tentativas e erros de convencimento que alimentam a raiva temporária como reação a um fato ao ponto de a raiva se transformar em um ódio cabal decorrente de inúmeras e repetidas tentativas e erros de convencimento. Convencer é tentar persuadir alguém a aceitar algo, uma atitude muito comum em situações de convivência mais simples e transitórias, e nesse ponto não há a necessidade de uma transformação de todo o entendimento das vivências de um indivíduo, de ressignificação, o convencimento se dá em espaço de tempo e envolvimento menores e mais simplórios. O convencimento é uma tentativa menos elaborada que a conversão, esta segunda demanda maior conhecimento de aspectos diferentes da vida do indivíduo, enquanto o convencer só exige um poder de argumentação mais convincente e adequado para cada caso. Exatamente, melhor formulando podemos afirmar que o argumento convence mas não converte, para haver uma conversão é necessário o abandono do argumento puro e simples para o assumir a postura de envolvimento do todo da vida daquele a quem se quer converter, e assim através do respeito às experiências de vida deste, aos poucos inserir novas percepções e posturas diante da vida.

Para convencer alguém existem técnicas que ensinam as pessoas na prática da persuasão, modelos de construção dos argumentos e formas de encaixe e utilização do argumento no discurso, de maneira que o interlocutor se envolve em um jogo de confiança e observação a respeito do tema abordado. Agora caro leitor, peço especial atenção, para converter alguém, seja no campo religioso ou político é demandado um cuidado, zelo e até amor maior ao objeto de sua aspiração. Não se converte pelo convencimento, se converte pela transformação, pelo exemplo de vida que instiga o desejo do outro em ser igual, e para transformar, converter, é necessário que o seu interlocutor perceba em você alguém de extrema confiança e cuja postura de vida seja almejada e aceita. Para converter é necessário também aceitar, é mister que os envolvidos estejam dispostos a compartilhar e convergir pensamentos, é uma relação de troca de experiências no ouvir, no ver e no falar, é uma verdadeira compreensão das condições do outro e o entendimento de que ele pode se adequar ao modelo de pensamento que é característico seu. Para converter é importante entender que, mais que necessário, condição sine qua non é o amor amigo, a presença de espírito que permita fluir entre ambos a transformação por completa de um em razão de todo o processo trabalhado pelo outro.

Entre o convencer e o converter há uma distância que justifica a doentia e constante relação dos indivíduos com a política nos dias atuais, no convencimento não existe sinergia e sim uma tentativa desesperada de se mostrar na razão, e ambos os lados trabalham com a mesma força e intenção, gerando um conflito certo e doloroso que faz sangrar em fluxo contínuo a nossa democracia. Não me convenço dos argumentos raivosos dos insanos, não me converto pois tenho, tanto minha fé em Cristo como minha convicção política conservadora, bem consolidados e fundamentados, porém amo o meu igual budista, hinduísta, umbandista, candomblecista, espiritualista, de esquerda convergente ou não, direita divergente ou partícipe de minha visão, de centro, negro, branco, índio ou pardo, homo, hetero ou trans todo e qualquer ser que respeite e labute pelo bem da humanidade, e em meu amor está o respeito pela forma destes de pensar...




quarta-feira, 17 de março de 2021

domingo, 21 de junho de 2020

POLÍCIA PINTADA QUEM FOI QUE TE PINTOU?...


Prefeitura de Presidente Epitácio e Polícia Militar têm concursos ... 

A POLÍCIA QUE A IMPRENSA QUER PINTAR (PARTE 1 )!!!

Nos últimos dias temos assistido junto aos diversos canais de comunicação, uma intencificação do discurso midiático de que as Polícias do Mundo são difusoras do Racismo Estrutural, e ainda mais, há uma necessidade de institucionalizar a culpa pela existência desse preconceito que, ao invés das instituições em si, nasceu da ignorância dos homens nas mais diversas e diferentes situações.

O racismo é uma realidade triste na formação de nossa história, nosso país foi construído com o sangue e o suor de escravos, negros, índios e pobres que foram arrancados de seus lares, de suas nações, para poderem se dedicar à construção da nação e do sonho de outras pessoas, que os subjugavam, exploravam, escorraçavam e pouco se importavam com suas vidas e raízes.

Combate ao racismo estrutural: uma questão de democracia — OAB SP
Fica muito fácil para aqueles que têm o poder de influenciar através dos canais de comunicação, um meio muito eficaz na atual conjuntura e que conta com a supremacia da notícia distorcida em favor das próprias tendência, que raramente pode ser contestada através do mesmo canal, lançar sobre as instituições públicas a culpa do racismo no Brasil e no Mundo, e ainda mais, facilmente se valer das polícias para justificar suas correntes interpretativas, posto que não conhecedores da verdade que circunda o cotidiano desta distinta corporação, vomitam sobre ela, a polícia, distorções e mentiras que querem desenhar como a verdadeira face da instituição, que ao longo de anos tem protegido e servido as nações com louvor e muita dedicação.

Redes Sociais: como, quando e qual rede tem melhores resultados?A Polícia não é o problema,  mas é claro, a polícia também é composta de seres sociais, indivíduos, os mesmos que em todas as instâncias e lugares de nosso mundo podem variar seus comportamentos e formações de maneiras totalmente distantes do bem comum. Vendo inúmeras postagens recentes nas redes sociais, e ouvindo e assistindo a comentários de renomados jornalistas brasileiros espalhados pelo mundo, principalmente em decorrência dos últimos acontecimentos que envolvem policiais e negros mortos em confrontos que, podem sim ser entendidos como ações racistas, verificou-se que muito facilmente todos direcionaram suas críticas e ataques à instituição Polícia, e desconsideraram tudo o que esta corporação já fez em sua história para então classificá-la como racista e brutal, desconstruindo valores que são baluartes de suas ações e que fazem das polícias as instituições de efetiva proteção da ordem pública em todos os lugares do mundo. 

56 Melhores Ideias de Tv ao vivo em 2020 | Assistir tv ao vivo ...
Há de se refletir o porquê de tentarem macular uma instituição que atua para o bem do coletivo, e lógico logo se percebe que o vínculo direto com o estado, e não poderia ser diferente pois a ordem no estado deve ser estabelecida e respeitada, é o principal elo que faz da polícia um alvo certo para todos que querem confrontar o estado no sentido de vender mais ideais e notícias, que coloquem a imprensa como único poder infalível e livre de todas e quaisquer corrupções, como verdadeiros paladinos da moral e da ética, posto que ela, a imprensa, nunca retrata seus podres e meios sujos de tratar as verdades e podridões do seu próprio setor.

Para a mídia é muito fácil levantar as bandeiras sociais mais plurais e das melhores intenções, contudo ela como qualquer outra instituição é composta de seres que se configuram como os verdadeiros culpados das mazelas do mundo, não são as instituições somos nós, pessoas que decidimos transgredir, por inúmeros motivos, as regras de convivência que demandam respeito, cuidado, decoro e amor ao próximo em última instância.

O racismo estrutural é racismo, as fobias de relação são preconceitos, as intolerâncias de cunho religioso, político, futebolístico e ideológicos são extremismos de ignorância preconceituosa, e todos estes comportamentos não são culpa das polícias, são as nossas culpas individuais, nossas decisões de não tratar com o devido cuidado as nossas emoções e os nossos comportamentos em meio a um mundo que é sabido tão plural.

Projeto Pare e Pense
A generalização é uma verdade muito presente, e juntamente com ela nasce o cinismo da negativa irracional de seu uso. Isso, as pessoas generalizam em suas colocações e comentários, e instantes depois atestam não estarem generalizando, é como se a comunicação tivesse perdido seu viés lógico, uma vez que a negativa do fato desconsidera todas as normativas que atestam uma comunicação clara e efetivamente estabelecida, onde não se pode simplemsnte dizer que não disse, posto que o que está dito está dito, ou escrito, e deve ser pensado com rigor antes de se tornar público e finalmente alcançar outras pessoas.   

É muito justo as pessoas se indignarem com comportamentos racistas, homofóbicos, misóginos, religiosos intolerantes, extremistas, gordofóbicos, heterofóbicos, machistas, feminichistas, pedofílicos, preconceituosos e por aí em diante, mas é justo também reconhecer que este é um erro dos indivíduos, e não há motivos para terceirizarmos esta culpa, nem tão pouco responsabilizando o sistema por não produzir as mesmas condições para uns e outros, esta é uma premissa que não existiria ou existirá em nenhuma sociedade humana por nenhum dos milhoes de anos idos ou vindouros. Lembrem, a base desta sociedade, a humana, é o bicho homem...

... CONTINUA.                                                                      

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

BRASILEIRO QUEBRA 126 RECORDES EM 19 DIAS DE OLIMPÍADAS!!!


     Há poucos dias da abertura oficial dos jogos olímpicos do Rio de Janeiro 2016 um único brasileiro já desponta como franco favorito ao recorde da quebra de recordes da história da competição.

      A emoção diária dos atletas e das torcidas em razão das disputas nos jogos tem alcançado todos os brasileiros, e o espírito olímpico se mostrou uma grande verdade nacional, ao ponto de os jogos, e não por acaso, serem um dos principais assuntos nas rodas de conversa de todo o país.

    No quadro de medalhas, no exato momento da elaboração desse texto, o Brasil aparece com um décimo quarto lugar tímido, totalizando duas medalhas sendo uma de ouro e outra de prata. O páreo não é nada fácil, a competição reúne os melhores atletas de várias modalidades esportivas de todo o mundo, o que já sugere uma batalha ímpar. Mas não se preocupe, sabemos bem superar todas as dificuldades... parafraseando Euclides da Cunha descrevendo um brasileiro castigado pelo esquecimento do poder público e pela injustiça geográfica e social, na junção dos séculos XIX e XX...

          
    Não deixando a peteca cair, lembremos então de outro Cunha, não o escritor mas o detentor dos recordes desse período olímpico, o Eduardo e não o Euclides, o "atleta" carioca dos 300 dias com barreiras. Invencível!!! Impossível!!! Inatingível!!! Inalcançável!!!  

     O recorde é de longe a sua marca. 
Um número expressivo e até pensava-se imbatível era o 167, o limite a ser superado, o número de dias em que um processo de cassação de mandato durou na Câmara dos Deputados Federais em Brasília. Mas lembre-se caro amigo, é tempo de olimpíada, de superação, de extrapolar os números... hoje completam 301 dias de muita luta, vira-voltas, estrelinhas e malabarismos, corridas, suor e obstinação. E não arrefeça torcedor, até o dia de encerramento dos jogos Rio 2016 serão 321 dias sem nenhuma definição sobre esse processo na casa do legislativo brasileiro, encaminhando nosso atleta em destaque ao pódio mais que respeitável de quase ou mesmo mais de um ano em processo, que para nosso "orgulho" provavelmente culminará no pódio dos primeiros lugares da história, o da impunidade.

     A Ginástica arti-Política tem se mostrado o melhor e mais frutífero "esporte" nacional, destruindo os sonhos ufanísticos de um futuro melhor, os atletas dessa modalidade em conjunto com seus "técnicos e mentores" jogam direitinho "com o regulamento debaixo do braço". O que vem agora???


     Então está explicado, e assim prepare-se para mais de 90 dias de protelação, uma vez que nossos digníssimos representantes estarão ausentes do plenário, não sendo possível votar a cassação do Cunha que não é o Euclides, mas o "atleta" do regimento interno do legislativo, quem ao que se parece, é o único conhecedor das linhas que determinam o funcionamento daquela casa...

     
Hoje em dia olímpico sinto saudades das circunstâncias de uma celebre frase, e não por acaso, de um personagem que figurou com mérito nos jogos Rio 16, carregando a tocha com muito louvor, nome ilustre do futebol mundial que em dado momento contestado sobre sua presença na seleção brasileira mandou-nos o sonoro "vocês vão ter que me engolir." O que dói de fato é ouvir todos esses dias a voz do senhor Eduardo Cunha, potencializada pelas vozes de seus pares na câmara, dizendo essa mesma frase a todos nós brasileiros, que de pés e mãos atados diante dessa vergonha corporativa do legislativo, observamos o país se afundar em uma crise que sempre, segundo o histórico real de nossa nação, gera uma conta altíssima que é paga pelos mais fracos. NÓS SERES HUMANOS MORTAIS!!!    

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

PRINCÍPIOS E VONTADES...

     A árvore dos saberes que determina nossas ações não está diretamente ligada a uma divindade que condiciona suas escolhas entre o certo e o errado. Não falo que seus princípios religiosos não são importantes, falo que eles não regem suas perspectivas reais de vida, que eles permeiam o campo da dúvida justamente para que você possa atribuir a outrem a responsabilidade do fazer. Não há culpa nas ações humanas que são delimitadas pelas vontades, isso para mim, que acredito no total domínio do fazer convicto das consequências e esperançoso nelas. Reafirmo que não menosprezo a fé, os dogmas religiosos e os valores divinos. Eu desprezo os pequenos que se escondem nesses conceitos, e que fazem deles mentiras escritas porcamente interpretadas. Aquele que ama, ama, independente da fé. O que deseja, deseja. Ele, o desejo, não é uma ferramenta de punição ou pecado. É um sentido humano, racional e instintivo. 

     Os caminhos são mais do que dois. São muitos além do fácil e do difícil, do estreito e do largo. Somos seres pensantes justamente por não nos prendermos a conceitos limitadores, a razões tolas que nada explicam, somente penalizam. Não tento explicar as nuances entre o amor, o desejo, os muitos ou poucos caminhos, mas sim, com uma visão mais consistente e desligada dos vícios culturais, perceber que as histórias são feitas de particularidades interessantes, que traçam linhas onde nem todos podem notar. Seus princípios são formados de acordo com suas observações de mundo, de convívio e de construção pessoal. Eles não são imutáveis justamente por você também não ser. Somos moldáveis, somos maleáveis e tudo que temos de concreto e palpável é justamente o todo que será consumido no pós morte. 

     Essa aceitação da mudança, o entendimento de suas posições ante às suas vontades e a compreensão da relação entre princípios, valores e moral, você só adquire quando descobre que seu comportamento é importante quando ele mostra quem você realmente é, e não apenas aquilo que os outros querem que você seja.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

UM BRASIL QUE LÊ E NÃO PERCEBE... ESCREVE E NÃO ENTENDE...

          Tudo deveria seguir seu curso normal, seria um dia de celebração em razão da festa democrática que abraçava nosso país, seria um dia melhor para a maioria e não muito festivo para outra parte da população. A disputa política implica convicções, estas que movem cidadãos em todo o Brasil ao redor de pensamentos e posicionamentos distintos, todos eles, penso eu, voltados para aquilo que se entende como o melhor para a sociedade de uma maneira geral, ou mesmo para algo que aspiram alguns grupos menores, mas que via de regra atinge a todos os envolvidos direta ou indiretamente. O que se viu nos últimos dias através das redes sociais no Brasil foi, em grande parte, uma demonstração de que o amadurecimento democrático que esperamos para nossa nação está mais longe por conta do nosso comportamento do que por sua progressão natural em países com essa proporção demográfica.

         A polarização comum desde a redemocratização, verificada a partir das eleições de 1989, não explica essa avalanche de manifestações irracionais que vislumbramos nas redes sociais. As diferenças de avaliação quanto a ações do governo, as controvérsias no entendimento sobre posturas e dizeres políticos, as interpretações equivocadas de conceitos e as precipitações advindas desses erros, são alguns dos combustíveis que incendeiam os ânimos e fazem as pessoas minarem a democracia que tentamos construir.


      As escolhas em uma democracia obedecem as apostas da grande maioria, e mesmo que o embate seja travado com uma relação mínima entre as diferenças, os resultados são respeitados e trabalhados em benefício de toda uma coletividade, posto que as propostas superadas em um pleito majoritário servem de base para uma oposição construtiva que visa estabelecer equilíbrio entre as forças. As diferenças de classes não determinam esse embate, e também não fazem da democracia capitalista um sistema pervertido e decadente que consome a vida da sociedade, elas apenas expõem, como faz em todos os sistemas políticos, com maior clareza, as deficiências a serem trabalhadas em políticas públicas e sociais que caminham na direção da diminuição das disparidades, porém, não se iludam, nunca da extinção delas. Não há verdade nas teses de que é o PT o partido dos pobres e necessitados do Brasil, nem tão pouco de que é o PSDB o reduto dos ricos, donos da razão, seres superiores e inalcançáveis em sua majestade. 

          Somos todos brasileiros, pensamos e entendemos de maneiras distintas, exatamente por sermos quem somos e como somos. Ser brasileiro é quase um sinônimo de pluralista, posto que nossa nação traz desde sua formação raízes de povos e culturas de todas as regiões da terra. A nossa história tem sim espaço para a ignorância, mas isso somente quando nos deparamos com pessoas que insistem, em todos os momentos da jornada, em não ler como de verdade nossa realidade foi construída. Todos os marcos tristes dessa estrada foram e, continuam sendo, protagonizadas por personagens que se recusaram a se reconhecer brasileiros, que vestiram uma carapuça utópica de cidadãos do mundo, ou seja lá de onde for, e se acreditaram seres fantásticos de uma terra imaginária onde suas crenças doentias chegaram a fazer algum sentido. As pessoas que se identificam com as ideias insalubres da ira como arma eficaz contra todos que se contrapõem aos seus ideais, são as mesmas que consomem a alma da democracia, que tem sido costurada ano a ano desde que nossa nação foi devolvida ao governo civil em 1985.


          Um novo modelo de manifestação se mostrou efetivo nos últimos anos, e ele também surgiu com os avanços advindos da abertura global que o Brasil abraçou, sem antes preparar seus cidadãos para uma formação consciente de usuários que fariam das inovações ferramentas que trabalhariam em função do social e do democrático, e não seu revés, um universo digital de inconsequências não banais que faz viajar na velocidade da luz, ou até mais rápido, as mentiras não medidas e as palavras de ódio. As novas tecnologias nunca prestaram serviço tão valioso aos parâmetros comportamentais do brasileiro. Muitos de nós não tínhamos noção de quantos milhares de insanos estão escondidos no meio de grupos sociais de diversos tipos. Dentro das igrejas, das escolas, das empresas, dos partidos políticos, dos clubes sociais, dos comércios, nas casas ao lado, nos prédios, nos cinemas, nos restaurantes e lanchonetes, em todos os espaços encontramos hoje os preconceituosos, xenofóbicos, homofóbicos, nazistas, e seres de todas as espécies de intolerantes de que se tem ciência.

          Não acredito que as redes sociais sejam nocivas, nem que tenha sido elas o estopim para os grandes e novos problemas sociais que enfrentamos. Ao contrário, os novos meios de comunicação abriram as portas para um novo momento na edificação de nossa cultura e de nosso tempero tupiniquim, nossa brasilidade. As televisões e seus canais, a internet, essa ou aquela revista, o site deste ou daquele portal, os aplicativos para smartphones, os sistemas operacionais para hardwares variados, os modelos de inteligência artificial existentes, os objetos e ambientes inteligentes e muitas outras novidades tecnológicas não são os vilões, não são os algozes do nosso tempo. Todos esses instrumentos são criações e descobertas do homem, e são desenvolvidos para seu uso consciente, imaginados para servir a humanidade e dar melhores condições de vida ao ser humano. É nosso o papel de educar nossa sociedade, de formar nossos pares no sentido de se valer do que temos à mão no mundo atual para construir novos valores, sem termos que destruir os antigos ou desconsiderar as construções que são feitas por uma outra pessoa, que é diferente de nós mas que nem por isso menos importante.


          O Brasil que idealizamos é um povo que escreve a própria história percebendo bem suas nuances e dificuldades. A pátria que entoamos nos hinos e nos momentos mais nacionalistas é o ajuntamento de pessoas que se fundem ao verde, amarelo, azul e branco da bandeira, deixando-se perder nesse meio as suas cores particulares e pessoais. A escrita que não conseguimos entender nesse meio é aquela que difere não só no campo ideológico, mas que fere nossos irmãos, que tenta diminuir essa ou aquela região de nossa terra, que mancha de vermelho sangue nossas famílias, que mata a toque de caixa inocentes que um dia só tentaram ser quem são, em uma terra que lhes permitiu sonhar com sua individualidade, desde que essa não atingisse o egoísmo do doente. 

          O Brasil que sonhamos eu não consigo descrever aqui, no máximo posso idealizar tudo que espero ciente de que este espaço não comporta o mínimo dessa idealização, porém posso não deixar de lutar, posso não deixar de querer, posso não deixar de buscar. O que eu não concebo, e tenho autoridade para tanto, é que pessoas se prestem ao papel de escrever textos e posts diversos disseminando o ódio, e incitando a violência contra brasileiros que têm os mesmos direitos que todos nós. Eu até entendo que muitos não aceitem essa ou aquela concepção, que não consigam digerir um ou outro momento e ou situação, porém nunca ei de aceitar, que pessoas se proponham a atingir os outros de maneira indiscriminada e imbecil somente com base em desapontamentos pessoais, caprichos bobos da meninice que não foram resolvidos devidamente na formação adulta do indivíduo...

Por Marcus David


terça-feira, 7 de outubro de 2014

VOTO... TAPA NA CARA... VOTO TAPA NA CARA!!!...

          Uma coisa normal, o brasileiro apanhar na cara todos os dias como o nosso tão querido Madruga, e sem ao menos esboçar na maioria das vezes o mínimo de culpa, contudo merecendo pela passividade com que se coloca diante das muitas situações que culminam com a bofetada certeira e direta. No último domingo, o histórico 5 de outubro de 2014, um candidato ao Senado Federal, Coronel reformado da Polícia Militar de Alagoas, o Coronel Brito, externou a vontade de grande parte dos representantes que escolhemos, demonstrando bem a raiva que eles, os políticos, têm do povo, soltando com toda frieza, certeza de impunição, e vontade, o tapa na cara do eleitor que, julgam eles, sempre mereceu. Na verdade esse foi só um registro de tudo o mais que aconteceu no Brasil nesse dia tão marcante, e que, distante das câmeras e da verdade, se embrenhou num mar de mentiras, de roubos, de desmandos, de negociatas e sujeiras que retrataram muito bem como queremos ser governados. 

          Agora com toda certeza, os advogados e aliados do político vão distorcer todo o acontecido, e milhares de eleitores irão conversar em suas casas, logo em breve, sobre a injustiça que se abateu sobre o seu coronel, como ele sofrera a dor de ser acusado por algo que todos viram, mas interpretaram de maneira errada, pois com toda a certeza fora ele, o Coronel Brito, a grande vítima desse fatídico domingo, onde perdera a eleição, e acompanhado de seus seguranças, Policiais Militares comprados que nada fizeram no tocante a seu papel, tivera que se esconder do flagrante, como que se jogar no buraco escuro dos ratos, afugentado por uma perseguição que não conseguiu a nenhum custo encontrar a tão escondida casa do fugitivo. 

          Muitos relatórios serão elaborados, depoimentos que demonstrarão como tudo acontecera, até que se consiga coagir os depoentes e estes, cheios de coragem como todo brasileiro, voltem à delegacia para cinicamente dizer ao escrivão que nada acontecera do jeito relatado antes, que ficaram confusos com tudo que ocorreu, e que, sendo cidadãos direitos, não poderiam prejudicar ninguém, tão pouco o coronel que salvara suas vidas a preço muito baixo, por conta de um achismo sem importância. É verdade, a culpa não é dos advogados e aquilo que eles conseguem fazer com muito dinheiro, mas sim de nós que aceitamos tudo muito naturalmente, e nos convencemos das mentiras que inventamos para nos livrar da incômoda verdade. Essa história não vai longe, assim como muitas outras. 

          Se você ainda não sentiu o calor do contato repentino de um corpo encontrando seu rosto através de uma condução forte e direcionada, onde juntamente com a dor física lancinante e cruel, vem com as lágrimas instantâneas a vergonha e o frio do desconserto geral que te faz girar em torno de si, sem saber exatamente o que te atingiu, você não vai considerar o acontecido como algo importante. É claro, caso também você não se importe com fatos dessa natureza. Não se preocupe, você não está só nesse universo passivo, juntamente contigo encontram-se milhares de brasileiros que se permitem esse mesmo tipo de situações, e que se submetem ao uso, abuso e descarte por parte de seus líderes, seja religiosos, políticos, comunitários ou familiares.

          A desculpa é sempre a mesma, um apanhado de explicações que te colocam em situação de uma pessoa ordeira, não dada a desmandos, que sabe o que está fazendo, porém, que esconde a raiva por ter apanhado, que chora o perdido para outrem de maneira injusta e inexplicada. O choro é algo que você com certeza tenta, a todo custo esconder, para que as pessoas possam entender que você não se incomodou com tudo aquilo, porém é essa posição medrosa e nojenta que tem afundado nossa sociedade, é justamente esse comportamento fraco e repugnante que nos empurra em direção ao mar de lama e bosta em que muitos iguais a você se encontram, e acabam se acostumando com o cheiro e com a textura. O seu lamento é um murmúrio desprezível e enfadonho. Você e os seus, sabem gritar e falar bem quando se encontram com uma platéia positiva, onde todos são exatamente como você, um amontoado de negações. A real é que tudo vai continuar do mesmo jeito, porque a nossa sociedade se acostumou com a mesmice. Você vai apanhar, vai chorar, vai se condoer, e vai como todo fraco esperar pela segunda pancada, se pautando pelo escrito bíblico que constrói falsos heróis em virtude da interpretação equivocada e burra que fazem, e consequentemente vai comentar nas rodas de conversas o quanto você é coitado, embebido de autocomiseração.

          Sim, eu sei o quanto incomodam essas palavras. Então, se mexem realmente contigo, acredite, é hora de saber se você é um bosta ou alguém de verdade...

Por Marcus David