quinta-feira, 5 de julho de 2012

E aí... COMEU?


     Essa semana fui ao cinema com minha esposa assistir à nova comédia romântica brasileira, E aí... Comeu?, onde Fernando, Honório e Fonsinho são três amigos de infância que, diante do que entende-se hoje por ‘nova mulher’, tentam entender o papel do homem no mundo atual. Aqui vou discorrer rapidamente sobre minhas impressões a respeito do filme. As mulheres tendem em um primeiro momento a não gostar da trama, por conta de uma visão defensiva, sem antes se preocupar com a retratação da condição do homem diante de um de seus maiores medos e dilemas, que é justamente o entendimento da alma feminina. Desde o começo fica muito claro o sofrimento dos homens na busca constante por um norte em seus relacionamentos, que de diferentes modos são retratados e debatidos na mesa de um bar. Penso que este ambiente, bastante seguro para o homem, já começa a direcionar a visão feminina sobre o filme, pois ali eles são soberanos, é naquela mesa onde seus medos perdem a força, e suas conversas vivem sem preocupação, crescentes na indiferença sobre a impressão feminina. Convenhamos, uma mesa onde amigos homens conversam, expondo cada qual seu medo, sua angústia, seus anseios e desejos, se torna de pronto um lugar sagrado, inviolável e intransponível. 
     Eu sei, até concordo que de início minhas palavras soam um tanto machistas, mas quero apelar para um conhecimento prévio da condição masculina ante às novas relações, onde a mulher tem conquistado cada dia mais um espaço importante que lhe é de direito, e assim dado ao homem um espaço que nunca havíamos conhecido. O personagem Honório, vivido por Marcos Palmeira, é a figura do homem de tempos passados, com uma maior dificuldade de enfrentar o comportamento igualitário de sua esposa. Ao longo da trama, percebe-se que ele respeita alguns antigos valores de família, ao mesmo tempo que sofre por não saber lidar com a liberdade de sua parceira. É nessa relação que aos poucos se percebe a troca de espaços entre o homem e a mulher, bem como a clara falta de tato e experiência que ajudem ambos a se consolidar em seus novos ambientes, sem causar danos quase que irreversíveis ao relacionamento. Nesse ponto, a tendência é sempre se encontrar um culpado, mas a visão que tive do filme transpõe esse entendimento, que do meu ponto de vista é muito limitado, posto que é justamente a culpa um fator que não se apresenta nessas relações, ao contrário disso, ambos, homem e mulher, lutam com as armas que têm para entender a ferida que este espaço mal preenchido criou,  e assim, juntos e cientes de suas limitações tentar sará-la. 
     A insegurança, amiga sempre companheira de nós os homens, é muito bem destacada pelo personagem de Bruno Mazzeo, Fernando. Recém separado e sem conseguir superar essa nova situação, ele se mostra um homem cada vez mais distante de seus propósitos. O interessante é que o personagem se mostra maduro em determinados momentos, o que não quer dizer necessariamente que essa maturidade lhe traga segurança. Ele traz um retrato do homem pós 30, que tem consciência de sua insegurança, muito embora não consiga ainda combatê-la. Aos poucos ele vai consolidando seu comportamento, e se colocando de uma maneira mais firme diante de seu destino, e é nessa hora, onde entendo que o homem vai ganhando força em seu posicionamento, e percebendo que os acontecimentos por mais tristes que pareçam trazem novas perspectivas, e a visão que se tem dos fatos se mostram mais claras e menos ofensivas que antes. Vale ressaltar a atuação brilhante de Bruno Mazzeo, que soube com muita propriedade destacar a fraqueza do homem e sua normal transformação em motivação.
     As formas do pensamento masculino são mostrados de vários modos, cada um mais engraçado que o outro. Personagens dão força e forma a uma série de visões e impressões que se têm sobre o comportamento do homem, seja do ponto de vista masculino ou feminino. Emílio Orciollo Netto, que da vida ao personagem Fonsinho, incorpora a ingenuidade do homem que ainda não encontrou uma direção em sua vida. Cheio de dúvidas e descaminhos, o escritor se perde nas ilusões variadas, como se sua vida fosse um livro com finais diversos e que caminham, cada qual, em direções totalmente previsíveis. O maior dos inconsistentes nessa caminhada, está no fato de o personagem amar e não ter se dado aos prazeres e desprazeres desse amor. A perfeição esperada e ambicionada pelo viajante das letras, quando do amor, está cada vez mais distante, tirando-o assim de seu eixo e colocando-o em uma estrada de aventuras que dispensam compromissos e que lhe dão a falsa impressão de se conhecer o amor em sua plenitude. 
     O homem retratado no filme, em seus vários aspectos comportamentais, é o homem que vem ao longo dos anos tentando se adaptar às novas mudanças nas relações. É o homem que ama sim, que respeita e que acima de tudo tem medo. É o homem que reconhece que muita coisa está mudando, e que ciente da sua pouca capacidade de se condicionar à essas mudanças, se atrapalha no processo. O homem que o filme mostra, é o homem do dia a dia, aquele que não se opõe ao rumo que as coisas estão tomando, mas sim, tenta desesperadamente se atualizar, sem perder seus princípios ou atropelar seus valores. Eles só querem amar à moda antiga, viver como os descolados de hoje em dia, e sonhar como os meninos que serão os homens de amanhã.

Um comentário:

  1. Eu assisti o filme outra vez, e minha opinião continua a mesma... isso é possível...???...

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