quinta-feira, 17 de julho de 2014

UM BRASIL QUE ESCREVE...

        A história escrita de uma nação tem sua devida importância na formação cultural de um povo. Os muitos anos que se passaram desde a "descoberta" das terras tupiniquins, dão conta da construção de uma sociedade plenamente diferente de tudo que se observou no velho mundo. Os registros literários falam das muitas características adquiridas, direta ou indiretamente, por este povo guerreiro e sofredor que resistiu ao tempo, ao sangue, ao preconceito e ao uso. Brasil é sinônimo de uma enorme variedade de adjetivos que enaltecem e, ou, diminuem o moral da nação dentro ou fora de suas limítrofes, o que com certeza não faz referência à realidade da história honrosa da bandeira verde, amarela, azul e branca.

        São muitos os retratos do Brasil para o mundo, e isso demonstra a relevância social, cultural, política e econômica desse símbolo cravado no coração da América do Sul para a nova configuração de planeta que se contempla através dos tempos. Sempre demos contribuições valiosas para a formação da sociedade mundial, e sem devaneios ou exageros, muito do que se aprendeu por diversidade, amor próprio, respeito ao próximo, luta incondicional por valores, reconstrução de sonhos e força de vontade, tomou-se por base o comportamento de um povo que em meio à colonização, por parte dos europeus, ao esgotamento indiscriminado de recursos naturais e humanos, e ao constante uso comparativo de sua cultura em detrimento dos padrões estipulados pelo chamado "primeiro mundo", manteve-se todos os dias com sua cabeça em erguida.

        Atualmente, uma avalanche de patriotismo tem tomado de conta das ruas brasileiras, segundo informam as mídias do país, contudo, observa-se na realidade que o amor ao solo de ouro amarelo só está sendo resgatado das cinzas por conta de uma série de acontecimentos envolvendo nossa história política, nossas aspirações esportivas, e a atual conjuntura social da população. As avaliações que se fazem tanto da história como do produto obtido com a trajetória desta sociedade, é que os registros escritos demonstram o progresso intelectual em desacordo com as comprovações didáticas dos indivíduos. Em outras palavras, o nível intelectual tem assumido um progresso gradual, não necessariamente ideal, diferente do que se demonstra nas salas de aula das instituições de ensino do país. Em grande parte essa disparidade, entre o que se aprende nas escolas e o que se demonstra conhecer, tem explicação lógica na falta de incentivos direcionados a uma aquisição de conhecimentos menos metódica e mais condensada nos núcleos de aprendizagem voltados às características individuais de cada ser.

        A intenção desse texto não é simplesmente pincelar a história brasileira e todas as nuances que envolvem os fatos formadores da obra, mas sim tentar estabelecer uma romântica troca de interferências quanto a tudo que se escreve sobre nossa terra e nosso povo, assim como escrevem nossa terra e nosso povo. O produto que resulta de nossas visões e como se tem transmitido esse resultado. Ao longo de anos, pelo que se pode inferir, muitos relatos alcançam a existência brasileira desde seu primeiro texto escrito, mesmo que seja este simplesmente para propagar ao "dono" tudo aquilo que ele poderia obter de vantagem com seu novo brinquedo, até as obras literárias mais complexas que atingem recordes de vendagem em níveis internacionais. o que se obtém a partir de então é que, via de regra, as produções escritas brasileiras são dignas de respeito e admiração a partir da chamada literatura de informação, nos primeiros anos da vida quinhentista desse clarão azul esverdeado. O gosto pela arte de escrever demonstra o quanto a língua portuguesa é importante para a afirmação da nossa cultura, para a criação da nossa identidade nacional e para consolidação de nossa destreza em atuar com as palavras, fazendo delas, em ordem, desordem, sem direção e sem lapidar, uma arma eficaz no levante de uma nova ordem social.

        Escrever não é um ofício despropositado, e não tem distanciamento do que é novo, ao contrário, as novas formas de se elaborar os mais diferentes escritos, as maneiras cada vez mais globais de se alcançar o mundo com ideias redigidas, têm demonstrado que as relações pessoais, hoje mais do que nunca, passam invariavelmente pela escrita, condicionando os seres a se mostrarem cada vez mais familiarizados com sua língua, e reforçando a ideia de que comunicação é uma arte que deve ser desenhada com cuidado e muita diligência.  Não há como um indivíduo se afastar da escrita para se mostrar ao mundo sem sofrer as consequências de uma exclusão natural que parte e volta ao se deparar com a barreira da ignorância. Ser globalizado e antenado não tem ligação somente com a tecnologia que se dispõe à mão para estar ligado ao mundo, mas também com o nível de conhecimento que se tem das facilidades que essa tecnologia proporciona, bem como do grau de informação que se pode assimilar e transmitir, passando uma real fotografia de seu intelecto, além do comportamento moral e social de que goza.       

        Viajar no mundo novo do conhecimento é um convite que sempre se faz a pessoa que tem disposição para o crescimento, e isso em se tratando de todas as áreas da vida humana. Sem obedecer as ordens clichês do incentivo pela leitura, e dos benefícios que esse hábito trazem para vida pessoal do homem, é impossível imaginar um mundo e um Brasil melhor sem antes a humanidade se conscientizar de que o conhecimento é a maior riqueza que se pode obter.

        Sabendo que a cultura educacional do brasileiro não tem alcançado resultados positivos nas políticas de incentivo à leitura, para melhorar assim ainda mais as nossas produções literárias, faz-se naturalmente nesse texto um apelo para que cada um dos leitores se mostre mais motivado a escrever suas ideias, demonstrar seus pensamentos de maneira direta, e transpassar a imagem de pessoas que valorizam a busca constante por novas descobertas. Não somos um povo preguiçoso, e isso já foi comprovado nas linhas acima. Não somos um povo sem ideias, o que também já foi rechaçado neste escrito, mas sim, somos uma nação que, por vezes, desconhece o seu potencial, que insiste em não assumir o seu papel de responsáveis pela inserção de novas percepções a seu respeito. Se o Brasil ainda não é um país que escreve, esta a caminho a de se tornar um país que é escrito, e entre essas duas definições, a de ser o agente principal da escrita de minha história e, por outro lado, ser apenas um personagem coadjuvante do relato descompromissado de alguém que não é parte da minha trajetória, decido escolher a primeira opção, tomando para mim a responsabilidade de contar o que foi, onde e como que me transformou, para somente então ver publicado nos astros da vida planetária o Brasil que vivi e senti influenciar o viver de todos os outros.

Por Marcus David

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